A traição é mais aceita que a lealdade

 




Vocês já tiveram a impressão que nos dias de hoje, a traição não só é cometida, como também aplaudida? E isso vale com todos os tipos de relacionamentos, mas principalmente os românticos.

Na mídia, a pessoa que traiu tem sido aceita, enaltecida e nunca julgada por seus atos de deslealdade. Isso vem não apenas dos portais e fontes de notícia como principalmente do público.

Um exemplo óbvio e claro disso é a traição do Chico Moedas com a Luiza Sonsa – duas pessoas que nunca imaginei que seriam citadas aqui, mas que são o exemplo perfeito.

Enquanto a Luiza virou motivo de piada e chacota, o Chico virou um ícone, estampado em camisas e até com músicas inspiradas na situação. Mas por que tudo isso?


As décadas anteriores são extremamente romantizadas, o que gera um apagamento histórico nas pessoas que não veem as atrocidades cometidas na época. E para mim, uma das maiores romantizações vem em torno do conceito de amor que achamos que existia.

Cartas, flores, modéstia, música. Parece tudo muito diferente do que é hoje, um diferente para melhor. Mas a verdade é que, sem as leis de direitos humanos, as mulheres não eram nada naquela época. E esses acontecimentos perpetuam na sociedade até hoje, mais do que nós mesmos conseguimos ver.


O que isso tem a ver? Bem, vocês acham que se fosse a Luiza quem tivesse traído o namorado em um relacionamento público, ela teria sido tão venerada? Com certeza não. Apesar que de forma indireta, acredito que isso tem ligação com aquilo que um dia foi o mundo para mulheres. Mesmo com muitos avanços, direitos e acesso ao estudo. O mundo continua o mesmo, a massa é toda igual e a única diferença é o molde.

Todos os tipos de preconceito tem raízes históricas, e a história é extremamente importante para a evolução humana, o conhecimento daquilo que já aconteceu, na teoria, impede que aquilo ocorra de novo.


Eu, como uma pessoa 100% de humanas, vejo uma ligação direta nessa normalização da traição com a filosofia.

Para alguns, o ser humano nasce mal, e ele é aquilo que é, ponto. Para outros, o mundo o corrompe.

Eu acredito profundamente na bondade humana, de que ainda existem pessoas boas por aí, pessoas que valem a pena. Sendo assim, acredito na segunda opção. O ser humano é corrompido.

Tendo em mente que hoje em dia tudo tem influência da mídia, é de se imaginar que, se uma pessoa que trai ganha músicas e camisetas com seu rosto, reconhecimento público e consequentemente dinheiro, o que vai fazer com que outras pessoas não tenham a mesma conduta?

Claro, isso envolve a questão do caráter mais do que qualquer coisa. Mas, considerando que o homem é corrompido, ele tem tido ainda mais vantagens em ceder de boas condutas para aquelas ruins e que trazem mais benefícios materiais. 

E além dos benefícios materiais, em minha visão, a maior vantagem que vem com o ato de trair é a aprovação das outras pessoas, que mais uma vez, é direcionada apenas para os homens.

A mulher será chamada de corna, o homem de garanhão.
Se a situação fosse o contrário, ela seria chamada de puta, e o homem de coitado.

Obviamente, a traição é errada de todos os lados, em todas as perspectivas e, como dito no começo, em todos os tipos de relacionamento. A familiar e a amizade, apesar de não serem o tema principal, ainda sim sofrem tipos de traição que podem ser ainda piores. 

Tudo isso depende do tanto de confiança, lealdade esperança e consideração você tem por alguém. Quanto mais desses sentimentos, mais forte vem a dor da traição.



Depois - Marisa Monte









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