Se ler é um hobby, não trate como um trabalho

 




No mundo dos leitores, constantemente existem certas situações que mais parecem uma competição. Não só contra as outras pessoas, mas contra nós mesmos. Como quando estipulamos uma meta de livros pra ler em um determinado tempo e nos cobramos para conseguir isso quase como com as cobranças que já temos por obrigação no cotidiano.


A questão que fica é: Por que deixaríamos algo que começou como um escape da realidade, algo para ser bom, virar uma obrigação? Algo regrado e planejado?

Não vale a pena, porque os livros são poderosos. Eu poderia falar por horas e ainda não conseguir colocar em palavras o quanto gosto de ler e como livros me fazem bem. E eu presumo que seja assim com muitas outras pessoas por aí.

Pessoas que podem estar abrindo mal da magia dos livros para manter uma meta, se obrigando a ler livros que não lhe interessam por parecerem mais “cultos” e intelectuais. Algumas dessas pessoas até se veem na posição de julgar pessoas que optam por livros mais “leves”, como romances e fantasias.

E honestamente, não existe nada mais ridículo do que fazer isso. As estáticas de leitura no Brasil são muito baixas, e têm aumentado bastante desde que mais adolescentes começaram a se interessar por livros que são chamados de “inúteis”.

A verdade é que não existe livro inútil, todos eles acabarão sendo importantes na vida de alguém, e enquanto as pessoas lerem, o autor estará deixando um legado no mundo.

Um tempo atrás comecei a ler a trilogia de Jogos de Herança. Apesar de ter amado e até mesmo favoritado o primeiro livro, durante a leitura do terceiro, eu fiquei extremamente interessada em outra série de livros. Eu mal conseguia ler, de tão ansiosa que estava para terminar ‘A aposta final’, o último da trilogia e finalmente começar a ler o próximo. Mas então eu parei e percebi que não tinha nada que me prendesse nele, além de mim mesma.

O livro ainda estaria ali para depois, quando eu quisesse ler ele ao ponto de ter uma leitura proveitosa. Então, eu parei na metade, depois de dias de batalha interna tentando levá-lo para frente. E eu não poderia estar mais feliz com essa decisão. Estou amando o que estou lendo, tão imersa na história que ela já faz parte de mim antes mesmo de terminar. 

Então, abra mão das metas. Se você está lendo um livro e ele não lhe agrada, não se obrigue a terminar só porque isso vai aumentar o número de lidos. Vai ler algo que você gosta. Nada vai ser mais poderoso do que mergulhar em uma história que realmente te cativa.

Páginas são apenas números, metas são apenas números. Mas as palavras escritas nos livros que você gosta sempre farão parte de você. Os personagens sempre serão como uma família, você sempre vai desejar estar naqueles lugares. Porque essa é a magia da escrita, você não percebe quando está imerso naquilo. 

Eu gosto de pensar que somos um mosaico de tudo aquilo que já passou por nós. Todos os poemas lidos, filmes e séries assistidas, todas as pessoas que passaram por nossas vidas, e por fim, todos os livros que lemos. Tudo aquilo que você verdadeiramente gosta vira parte de você, não abra mão disso por um número maior de livros lidos no final do ano.



“I hate it here so i will go to secret gardens in my mind” 






Comentários

  1. Faz tempo que não leio meu livro, parei na página 75 ele tem 300 páginas vou voltar a ler!!

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  2. comentando sobre o primeiro trecho, eu concordo totalmente. Amo ler e querendo ou não escrever, só que sou um pouco devagar e por muito tempo eu me cobrei, coisa que hoje em dia tento ao máximo não fazer.

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  3. veio em hora certa, estava lutando para terminar de ler livros até 31/12 e esse blog me fez perceber como eu não estava de fato lendo.

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